O pássaro vivia livre, sobrevoando os ares. Suas longas asas flutuavam quando planava seu lindo voo. Seu canto era ouvido além do horizonte e a felicidade habitava seu coração. Seus dias eram de luz e à noite descansava nas estrelas. Não havia nada que perturbasse sua paz e seu coração voava tanto quanto suas asas. Porém um dia, o pássaro descuidado pousou em mãos desconhecidas, mãos que tinham tanto brilho que era impossível resistir a elas. E foi sua perdição. Suas asas foram cortadas e ele foi aprisionado. Sem dizer o motivo as mãos foram embora o deixando sozinho em sua nova morada. E seu coração ficou pequeno. E sua compreensão não existia. Resignou-se e com a ferida no peito resolveu que continuaria cantando. E seu canto continuou sendo ouvido e na impossibilidade de voar algo dentro dele foi se modificando. Um outro pássaro foi nascendo como a vida que se reinventa e cria novas formas na busca desesperada pela sobrevivência. E o tempo foi passando e a vida do pássaro tornou-se outra. Quando tudo parecia normal e a vida tomava seu curso de forma que ele nem sequer lembrasse que um dia o céu azul lhe pertenceu, aconteceu novamente o imprevisto, o susto, o brilho ofuscante de duas mãos que no passado haviam lhe aprisionado chegavam e abriam sua prisão. Ficara tanto tempo ali que havia se adaptado. A luz cegava seus olhos e o brilho das mãos ofuscava sua mente. E o novo pássaro que havia nascido foi saindo. Pousou nas mãos de luz e não teve medo mesmo sabendo que por causa delas esteve aprisionado por tanto tempo. Então soube naquele momento que fora preciso ficar aprisionado para nascer novamente. As mãos abriram-se e ele alçou voo em direção ao horizonte. Seu voo agora tinha outro sabor, o da renovação, da descoberta de si mesmo, da liberdade verdadeira.
Impressões de São Paulo
Há 7 anos
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