quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O pássaro vivia livre, sobrevoando os ares. Suas longas asas flutuavam quando planava seu lindo voo. Seu canto era ouvido além do horizonte e a felicidade habitava seu coração. Seus dias eram de luz e à noite descansava nas estrelas. Não havia nada que perturbasse sua paz e seu coração voava tanto quanto suas asas. Porém um dia, o pássaro descuidado pousou em mãos desconhecidas, mãos que tinham tanto brilho que era impossível resistir a elas. E foi sua perdição. Suas asas foram cortadas e ele foi aprisionado. Sem dizer o motivo as mãos foram embora o deixando sozinho em sua nova morada. E seu coração ficou pequeno. E sua compreensão não existia. Resignou-se e com a ferida no peito resolveu que continuaria cantando. E seu canto continuou sendo ouvido e na impossibilidade de voar algo dentro dele foi se modificando. Um outro pássaro foi nascendo como a vida que se reinventa e cria novas formas na busca desesperada pela sobrevivência. E o tempo foi passando e a vida do pássaro tornou-se outra. Quando tudo parecia normal e a vida tomava seu curso de forma que ele nem sequer lembrasse que um dia o céu azul lhe pertenceu, aconteceu novamente o imprevisto, o susto, o brilho ofuscante de duas mãos que no passado haviam lhe aprisionado chegavam e abriam sua prisão. Ficara tanto tempo ali que havia se adaptado. A luz cegava seus olhos e o brilho das mãos ofuscava sua mente. E o novo pássaro que havia nascido foi saindo. Pousou nas mãos de luz e não teve medo mesmo sabendo que por causa delas esteve aprisionado por tanto tempo. Então soube naquele momento que fora preciso ficar aprisionado para nascer novamente. As mãos abriram-se e ele alçou voo em direção ao horizonte. Seu voo agora tinha outro sabor, o da renovação, da descoberta de si mesmo, da liberdade verdadeira.
Minhas palavras não tem rascunhos
elas saem livremente
assim como a vida quando quer nascer
e ninguém segura.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Vida estranha e absurda vida que nos joga contra a parede de forma tão brutal. Se por um lado sou feliz por outro meu coração dilacera. Meus pulsos estão sangrando e o gosto doce do sangue chega até minha boca e quer jorrar. Há um abismo profundo que me cerca e me chama como se a noite fosse se fazer eterna. Peças que a vida nos prega sem nossa permissão. Dias que escurecem de repente e não encontramos mais a saída do tunel escuro e poeirento. Quem fechou esta maldita porta e jogou a chave fora?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Eu já estava conseguindo catar meus pedaços
você veio descaradamente e os separou.
Conseguirei juntá-los novamente?

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Estou à beira do precipício e sei que não posso recuar.
Se eu der um passo adiante despencarei como folha ao vento.
Se meu anjo me ouvir virá em meu socorro e me acolherá em suas asas,
mas se me abandonar...
morrerei.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

E o dia amanheceu apesar de todas as dores
E o sol nasceu indiferente ao que se passa dentro de mim
E a vida teima em continuar!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Maldito nó na garganta que não desce nem salta pra fora. Vida desregrada e ingrata que apronta sem nossa permissão. Tudo desce pelo ralo como água do chuveiro na hora do banho. Vai embora feito espuma e sabão, suor e poeira. Fica o nada remoendo por dentro como um fantasma velho e assombroso que teima em fazer sofrer mesmo sabendo que dentro daquele peito a alma já quase morreu. O grito preso quer ser liberto e sair pelos ares mas falta fôlego. Não existe espaço dentro pra tanta dor e lá fora a dor também não caberá.
Prisão, dor, impaciência. E o ar que não chega até os pulmões. É difícil morrer? Viver é bem mais.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Você é uma mistura de anjo com demônio
é como provar pimenta com mel
é como comer um doce com uma pitada de veneno.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Lambuzei meu corpo todo na lama.
Você veio e se esfregou em mim.
Imundos!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Não tenho compromisso com as palavras,
deixo que elas saiam de mim como pássaros que lançam vôo no infinito azul do céu.
Às vezes elas são leves e flutuam como plumas,
porém outras vezes pesam como chumbo
e nestas horas sinto dentro de mim o gosto amargo do fel.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009


Sentimentos torpes e insanos que vagam em minha mente feito balões coloridos e estonteantes provocando um desejo vulgar e barato de tragar a vida em um só gole e sair na noite feito bicho louco. Sede de um copo que transborde de uma bebida que embriague e me faça ver a vida do avesso. Andar no escuro e ter só o brilho dos olhos a iluminar a noite como pirilampos a procura de repouso. Sentimentos que me dominam e me galopam como se eu fosse um potro selvagem me puxando a crina e me ferindo as ancas de forma que não consigo me desvencilhar.
O pecado me espera do outro lado da rua e quando eu der o primeiro passo será tarde para voltar atrás.

Será loucura ou a sanidade se apossou de mim?

sábado, 3 de janeiro de 2009

Certa vez há bastante tempo atrás eu me encontrei em uma estação encantada, não sei como fui parar lá, acho que por um instante na vida eu dormi e ao acordar lá estava. Num determinado momento um trem mágico apareceu com seu apito que parecia me chamar. Sem ao menos pensar subi no trem e a viagem começou. Não havia trilhos nem caminhos em que ele não pudesse ir, em algumas vezes eu colocava minha mão para fora da janela e tocava as nuvens, outras vezes segurava a ponta das estrelas. O vento que entrava tinha o frescor das montanhas mais íngremes e dependendo de onde o trem se encontrava eu sentia o doce aroma do jasmim ou o cheiro refrescante do eucalipto, o gosto do mais puro mel ou a pimenta que ardia na boca com sabor de pecado. Era uma viagem louca sem destino de chegada, mas eu pouco me importava desde que pudesse continuar viajando e escutando o barulho do trem que flutuava no universo dos meus sonhos.
Mas um dia, por um descuido, em um breve momento desci e o trem seguiu seu caminho me deixando na estação solitária sem ouvir o meu chamado.
Até hoje sonho com sua volta e escuto seu apito, mas dentro de mim bem sei que trens mágicos quando se vão nunca mais retornam.
Lou Witt

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Não temo te encontrar novamente na roda viva da vida
meu maior medo é me perder em ti e não mais me encontrar.

Lou Witt

Vem me tocar em acordes e me transformar em melodia
levar-me até as brancas nuvens no azul do infinito
e cavalgar as estrelas que bailam na escura noite.

Vem com seus dedos mágicos tocar minhas cordas
para que o universo ouça os sons que de mim saírem
forjados por tuas mãos e lapidados por teus caprichos.

Vem e encosta teu corpo ao meu
porque uma parte de mim é brasa
e a outra é molhada...