Nas madrugadas quando o sono me abandona e o silêncio da noite escorrega pelas paredes sinto-me assim como um navio em alto mar. As ondas me levam mansamente e nem sequer o horizonte existe.
E quando a solidão chega na noite escura e me abraça forte querendo me consumir por inteira não existe lugar para a tristeza. Gosto de ser só às vezes e o mundo tem horas que me parece ser completamente estranho.
Para não ser só teria que voltar no tempo e soltar balões coloridos nas calçadas onde brotam tapetes de gramas para não machucar os pés descalços e onde as flores seriam bonecas de brincar.
Pra se ter alguém e não viver na solidão o mundo teria que virar do avesso e eu teria que alcançar o céu e de lá olhar para a terra.
Mas acontece que às vezes gosto de ser só, como nas madrugadas quando o silêncio escorrega pelas paredes.